Movimento pela Legalização da Canábis

2006-08-29

Soft Secrets em Português

O fim do mês está quase a chegar, mas para quem ainda não teve a oportunidade de folhear o número 4 da Soft Secrets (edição espanhola) fica aqui a sugestão para o fazerem.

Alem de um artigo em espanhol que fala da horta da couve e de um outro que faz uma análise do panorama das ferias canábicas em Portugal também podemos encontrar uma secção inteiramente em PORTUGUÊS, com especial atenção na primeira manifestação pró-canábica realizada em terras lusas - a Marcha Global da Marijuana - que se realizou no dia 6 de Maio de 2006 por todo o Mundo.

Soft Secrets [Portugal]

  • "Vacaciones cannábicas en Portugal - Vinos dulces, marihuana y poemas de Pessoa" (pág. 30)

  • "3º Hortacup" e "1º Maria Cup" realizados em Portugal (pág. 31)

  • "Bolor Cinzento (Botrytis), a.k.a. Bolor da Cabeça" Artigo em português (pág. 49)

  • "Uma Marcha para a história" Artigo em Português sobre a Marcha Global da Marijuana (pág. 50)






    EDITORIAL


    "Lá diz o ditado que de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos, mas parece que é chegada a hora de afirmar que pelo menos vêm bons fumos da terra de nuestros hermanos. Numa altura que em Portugal se começa a dar os primeiros passos para a legalização da canábis, o convite para escrever no português de Camões, nesta publicação de referência do mundo canábico, surge como a cereja no topo do bolo." Panoramix

    Soft Secrets Nº4: Edição On-line (pdf)
  • VÍDEO DA SEMANA

    Park Boys in "Blender Hash"

    2006-08-23

    Grândola Vila Loira

    Hippies agitam Alentejo

    Arnold, 65 anos, “velho e assumido hippie”, mora num monte de acesso muito difícil. As manchas nas mãos indiciam cancro de pele. Nos ossos uma rara doença que quase não o deixa andar. “Acabaram-se os tempos da águia. Agora, como dizem os alentejanos, são tempos de condor; com dor aqui, com dor ali”.

    Nos idos anos 60, “estudante político de longos cabelos e barbas”, fartou-se do capitalismo e das grandes cidades. “Quando se deu Chernobyl, vivia, com a mulher e dois filhos pequenos, na afectada floresta da Baviera. No ar sentia-se a dureza da poluição atómica.” Decidiram partir para Oeste, rumo a Santa Margarida da Serra, onde está até hoje. “As pessoas quiseram saber se eu era boa pessoa e trabalhador. Tive que aprender a tirar cortiça dos sobreiros ao lado deles. Muito duro. Até cortei os cabelos para parecer mais português.” A intensidade do brilho azul celeste do olhar e o espírito livre e descomprometido desfazem quaisquer dúvidas. É pele, osso e serenamente feliz.

    Escolheu o Alentejo porque “queria um lugar sossegado, com paz, bom ar, água e, muito importante, barato”. Emprestaram-lhe uma casa – hoje em ruínas – num monte. A dona expulsou-os. “Dizia que éramos porcos.” Arranjou outro monte emprestado e de lá nunca mais saíu. “Os portugueses dão tudo, desde que se lhes peça.” Bebe água da fonte, em casa tem energia solar, faz muito tempo que não vê televisão. Há um ano comprou um telemóvel e foi, sem dúvida, “uma autêntica revolução”.

    Na aldeia há quem goste de Arnold mas também há os que não lhe perdoam o facto de fumar marijuana. Eles sabem, eu sou pela legalização da canábis”. Fuma desde os 30 anos, “boa altura para começar pois já se é consciente”. A polícia apanhou-o com o charro na boca. “Seis vezes que me cortaram as plantas. Uma vez vieram aqui umas 30 pessoas da bófia. Levaram-me preso. Tinha que me apresentar todas as semanas, fizeram-me um processo. Um ano fui absolvido porque o Papa veio a Fátima; outra vez fui amnistiado por causa dos 25 anos da Revolução do 25 de Abril; na última vez que vieram tive que pedir dinheiro à minha família, que é muito rica, – “eu sou a ovelha negra” – para pagar mil euros de multa”. Há três anos deixaram de o incomodar.

    Há quem admire a coragem e o despojamento de gente como Arnold. Gente que se desvincula da sociedade para viver num mundo em que não é preciso quase nada para sobreviver. Gente que, apesar das tentativas, nunca consegue visto de residência. “Queriam dinheiro por fora mas eu não tinha para lhes dar.”

    Mesmo assim não troca este lugar por nenhum outro do Mundo. “De certeza que vou morrer aqui”. O ar ajuda a viver sem movimentos de cartão multibanco. São pouco empreendedores e a sua presença não alterou a economia da região. São hóspedes passivos e recatados que deram um outro colorido a estes montes.

    MOVIMENTO DA CONTRACULTURA
    TUDO PELO BEM-ESTAR DA ALMA

    Os hippies fizeram parte do que se convencionou chamar “movimento de contracultura dos anos 60”. Adoptaram um modo de vida comunitário ou nómada, negaram o nacionalismo, abraçaram aspectos de religiões como o budismo, manifestaram-se contra a guerra ou os ditames do capitalismo.

    Optaram sempre por viver em comunidades onde cada membro exerce uma função, as decisões são tomadas em conjunto, normalmente é praticada a agricultura de subsistência e o comércio entre os moradores é realizado através da troca. São adeptos do pacifismo e privilegiam o bem-estar da alma e do indivíduo.

    Texto de José Manuel Simões e Fotografia de Marta Vitorino

    Artigo completo: Correio da Manhã

    2006-08-22

    Lewis-Francis suspenso...

    O velocista Mark Lewis-Francis apelou perante o COI pedindo que seja revogada a suspensão olímpica vitalícia imposta pela Associação Olímpica Britânica (AOB), depois de um caso positivo de doping, em 2005.

    O antigo campeão mundial de juniores de 100 metros está proibido de voltar a competir pela Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos, de acordo com os estatutos da AOB, mas o caso (consumo de canabis, de forma passiva) apenas lhe valeu uma advertência pública da Federação de Atletismo do país e da Federação Internacional (IAAF).

    "Eu não fumo canabis. O que poderá ter sucedido é que, sem me dar conta, tenha estado com pessoas que estavam a fumar e eu inalei, passivamente. Não o tomei de forma consciente, que de resto não tem nenhum efeito sobre o rendimento desportivo", disse o atleta.

    Não obstante não ter sido suspenso, foi-lhe retirada a medalha de prata dos 60 metros dos Europeus de Madrid’2005, justamente onde o controlo positivo teve lugar. Entretanto, Lewis-Francis continua a competir e esteve na passada semana nos Europeus de Gotemburgo, sendo um dos elementos do quarteto de 4x100 metros que ganhou a medalha de ouro.

    Fonte: O Jogo

    2006-08-21

    VÍDEO DA SEMANA

    Park Boys in "Six Paper Joint"

    2006-08-20

    PSP descobre plantação de Canábis em Espinho

    A PSP de Aveiro desmantelou uma plantação com 180 pés de "cannabis" e identificou três homens e uma mulher como presumíveis responsáveis pelo seu cultivo e comercialização.

    A apreensão dos vasos com as plantas, livros e revistas sobre o cultivo de "cannabis" foi efectuada quinta-feira ao final da tarde, na cidade de Espinho, no âmbito de uma busca domiciliária em que participaram 12 polícias e quatro viaturas.

    Os quatro suspeitos do crime de tráfico de drogas, com idades entre 25 e 35 anos, alegadamente cultivavam as plantas em estufa, numa residência. O grupo "era vigiado há já algum tempo na sua actividade" e "supostamente mantinha grande mobilidade e contactos no estrangeiro", segundo uma nota do Gabinete de Relações Públicas da PSP de Aveiro.

    Os três homens estão desempregados e a mulher exerce a profissão de auxiliar de acção educativa.

    Foram ainda apreendidos passaportes e bilhetes de viagem, material técnico usado no cultivo da planta proibida em estufa (que permite o controle da luz, temperatura e humidade), quantias em dinheiro, fotografias de plantações de "cannabis", pequenas quantidades de cogumelos alucinogénios, telemóveis e diverso equipamento multimédia, segundo a PSP.

    Notícia em: Rádio Renascença / Sic Online / Jornal de Notícias

    BOOM FESTIVAL

    Desde 1997 até 2006, o Boom Festival tem atraído milhares de pessoas a Portugal. O evento realiza-se nas margens da lagoa de Idanha-a-Nova, na Herdade do Torrão.

    A HISTÓRIA do BOOM FESTIVAL (1997-2006)

    O Boom começou em 1997 como um evento de longa duração dedicado à música trance. O objectivo era dar a conhecer ao público mundial o movimento português e vice-versa. Em 1998, na segunda edição, o conceito e intercâmbio fortaleceram-se, mas foi em 2000 que tudo mudou.

    Na terceira edição, o Boom Festival, tornou-se um evento aglutinador de correntes de pensamento ligadas a novos paradigmas, como por exemplo, a arte visionária, a teoria das cordas, abduções e permacultura (sistema de criação de habitats humanos em harmonia com a natureza). Dessa forma, foi aberta uma área de conferências e workshops que complementou as artes que se centravam no entretenimento (como música, video-arte, performances ou decoração).

    Em 2002 foram recolhidos os frutos da mudança de perspectiva do Boom: apareceu um novo público e, entre 2000 e 2002, vários escritores, cientistas, terapeutas, artistas plásticos e ecologistas começaram a demonstrar interesse em fazer parte do alinhamento do festival e dar o seu input. Assim, o que era área de conferências passou a chamar-se «Liminal Village», que é hoje um centro de conhecimento, onde há cinema, conferências, workshops, galerias de arte, etc.

    Em 2004, e agora em 2006, a Boom Festival Team entrou na rota da sensibilização ecológica - como meio de interligação entre artes e formas de expressão – que é a força motriz essencial do Boom desde o seu início. Actualmente o festival é mais do que entretenimento. A organização quer fazer um evento que dê soluções às pessoas para o seu quotidiano, mostrando-lhes, por exemplo, algumas práticas de sustentabilidade ecológica.


    BIO-ARQUITECTURA no BOOM 2006

    Amir Rabik, bio-arquitecto, é o pai das construções em bambú e sistemas de sustentabilidade demonstram a preocupação ambiental do Boom Festival 2006.

    A ecologia é o tema da sexta edição do Boom Festival, que desde dia 3 arrastou mais de 20 mil pessoas a Idanha-a-Nova. O bambu foi o material de eleição para a bio-arquitectura do evento, cujo design foi concebido pelo indonésio Amir Rabik, cônsul honorário de Espanha e de Portugal em Bali.

    Durante os últimos dois meses, uma equipa de 70 balineses, liderados pelo bio-arquitecto Amir Rabik conseguiram o impossível: construir as zonas de Chill-Out, Dance Floor e Liminal Village, inspiradas em pagodes do oriente.

    Com 2500m2 e 26,5 metros de altura, a estrutura onde os milhares de boomers dançam trance pela noite fora, é já considerada o maior pagode em bambu da Europa. «Quando fui convidado para fazer o Dance Floor pensei numa torre tibetana, mas cheguei à conclusão que demoraria cerca de seis meses a construir», explicou ao EXPRESSO Amir Rabik. «Esta opção demorou apenas dois meses. Foi um desafio e penso que também ficou engraçada».

    O bambu utilizado nas estruturas não provém do abate de árvores, mas sim de reutilização. O mesmo conceito foi utilizado na concepção das restantes estruturas festival, sendo utilizada a madeira queimada pelos incêndios que assolaram Idanha-a-Nova, no ano passado.

    Além da bio-arquitectura, o recinto conta ainda com outras inovações ecológicas: os sistemas de sustentabilidade. Chuveiros que poupam até 80% de água, geradores movidos a energia solar, casas de banho secas, livres de químicos e pensadas para a adubagem de terrenos e cinzeiros de bolso, para evitar as desagradáveis beatas no chão, são alguns dos exemplos da preocupação ambiental da organização.

    Textos de Paula Cosme Pinto e Fotos de Nuno Botelho


    FESTIVAL de DROGAS

    Nem só de paz, amor e ecologia viveu o ‘boom’. A droga também andou à solta no festival mais psicadélico do Verão, em Idanha-a-Nova. Debaixo das batidas de ‘psy-trance’, vendia-se ‘ecstasy’, LSD e ‘cogumelos’.

    O AVISO foi escrito à pressa num papel sujo e amachucado, mas chama tanto a atenção como se Mariana o tivesse imprimido a «laser»: «Promoção. LSD: 25 gramas, 200 euros». Sempre que mais um carro faz a curva apertada, a bela «hippie» de vestido excêntrico salta da caravana até ao asfalto com o cartaz mal-amanhado em punho. Os condutores põem o pé no travão, um sorriso de surpresa e ficam na conversa, a regatear. «É um bom preço. Lá dentro é quase o dobro. Até podem fazer negócio mais à noite», afiança a portuguesa de trinta anos, há uns meses a viajar pela Europa com a sua amiga francesa, que acaba de enrolar um charro à porta da caravana.

    Elas não estão com pressa, nem preocupadas por ter um jipe da GNR a menos de cem metros, porque estão quase a conseguir juntar os 220 euros necessários para comprar dois bilhetes no Boom Festival, a três curvas de distância. «O nosso produto é do bom», vangloria-se Mariana, tirando do bolso, como por artes mágicas, um frasco de «ecstasy» líquido, droga indicada para aguentar as batidas violentas durante toda a noite. A receita é simples: «É só misturar uma gota de ‘ecstasy’ num copo de água e depois é curtir».

    Mariana e a amiga não são as únicas a anunciar o seu produto como se estivessem numa feira.

    Mais à frente, Marco, um «rasta» transmontano, de mochila às costas, segura um cartão que diz: «Tenho MDMA» («ecstasy»), mas não parece ter tanta sorte como elas. Ali só param «festivaleiros» à procura de cerveja barata, vendida numa barraquinha improvisada ao seu lado. «Vou bazar daqui, que isto não está com nada».

    Maldita cocaína. À entrada do festival, na herdade do Torrão, perto de Idanha-a-Nova, os porta-bagagens são revistados em tempo recorde. Os corpulentos seguranças procuram «penetras» que tentam entrar sem pagar o bilhete. É sábado, terceiro dia do Festival, e um dos mais quentes do ano.

    Joana, uma jovem loira de Sintra que carrega uma pesada mala de viagem e várias manchas de suor na camisola, pede-nos boleia. Até ao parque de campismo ainda teria de andar mais de meia hora à torreira do sol. «O meu namorado e um amigo dele foram expulsos, há uma hora, depois de andarem à porrada», desabafa mal se senta no carro. «Passaram-se». Joana ficou sozinha e sem os oito gramas de cocaína que tinham comprado a meias para os seis dias de festa. «Foi uma estupidez. Se eles não tivessem desatinado ninguém nos catava a cena», conta.

    «Podíamos ter sido presos se os seguranças não nos tivessem sugerido dividir o pó branco pelos três. Mais de cinco gramas dá direito a cana», lembra a rapariga. Depois do susto valente, limita-se a encolher os ombros. «O namoro estava nas últimas. Este é um bom pretexto para acabar tudo». Joana tem mais amigos e outras drogas à sua espera. É o segundo ano que vem ao «Boom-Fest» e já conhece bem os cantos à casa. «Encontramo-nos logo, junto à tenda do trance. Vou tentar arranjar umas pastilhas por aí».

    O Boom parece a terra de Alice, a do País das Maravilhas: tendas coloridas feitas em bambu, pontes lacustres, barraquinhas de massagens, incenso e balões no ar, engolidores de fogo em terra e maus nadadores na água. Ainda nem tínhamos descarregado a mochila quando fomos abordados por uma jovem belga, de xaile e leque para afugentar o calor, que nos pergunta, em inglês macarrónico: «Querem cristal?». A anfetamina, seis vezes mais barata que a cocaína mas com efeitos dez vezes mais potentes, custa seis euros o grama. Mal nos vira costas, dois «freaks» de sandálias e «t-shirts» cobertas de pó pedem-lhe cinco minutos de atenção. Notas para um lado, sacos para o outro e cada um vai à sua vida.

    A luz verde do céu. À noite, todos os caminhos vão dar ao «Chill-Out», zona de descanso onde dezenas de casais e grupos de amigos enrolam charros, num espírito «peace and love». Mas é na tenda «Dance Floor» que a maioria dos vinte mil «boomers» de 60 países exulta com as batidas frenéticas emanadas pelos «dj» de serviço. Perto da pista de dança, um quarentão abana a cabeça enquanto despeja uma risca de coca em cima de um contentor do lixo. Agacha-se, snifa o pó branco, perante a indiferença dos «ravers» a dançar ao seu lado e volta a sacudir o corpo.

    Entre os vários grupos sentados na relva, na penumbra, transacciona-se todo o tipo de produtos. Duas jovens madrilenas têm à sua frente uma fila de gente, que aguarda a sua vez para comprar algumas das suas especialidades: «Temos chocolate e ‘cogumelos’ mexicanos», explicam aos seus clientes, que se colocam de cócoras para tocar e cheirar nos exóticos produtos. Por dez euros o grama qualquer um pode trincar uma tablete parecida com as que se vendem nos supermercados. Os efeitos é que são um pouco diferentes. «É uma viagem inesquecível», prometem, em castelhano.

    Joana, a nossa amiga da boleia, anda à caça da sua pastilha. Ao pé do bar encontra dois trintões de Sesimbra que vendem de tudo. Umas frases de circunstância bastam para eles mostrarem um saco com MDMA em pó, uma barra de haxixe marroquino e, «voilà», as ditas pastilhas, que mais parecem aspirinas em miniatura. Os «dealers» apelidam-nas de Versace, talvez por serem cor-de-rosa. Custam dez euros a unidade. «Os meus amigos arranjam-na a seis», argumenta. «É pegar ou largar», rebatem eles. Ela não discute mais. Abre o porta-moedas e dá-lhes uma nota de dez para a mão. Num abrir e fechar de olhos, Joana mete metade do comprimido na língua e vai para a pista de dança, contente da vida.

    Eles continuam a deambular por ali, de ar alucinado, à espera de mais clientes: «Estou-me a passar com aquela luz verde brilhante no céu. Vou ficar aqui a noite toda a olhar para ela». É apenas um ponto luminoso da tenda de exposições de arte.

    Reportagem de Hugo Franco e Foto de Nuno Botelho


    BOOM RUMO A OLIVEIRA DO HOSPITAL

    Depois do Boom Festival, em Idanha–a–Nova, os “boomers” que ainda tiveram forças “arrastaram–se” para o outro lado da Serra da Estrela e montaram arraiais no parque de campismo de S. Gião, concelho de Oliveira do Hospital.

    Junto ao rio Alva, no último fim–de–semana, celebraram a natureza e a música, numa atmosfera a lembrar os tempos dos hippies, mas agora com a música trance psicadélica como criadora de ambientes no século XXI.

    Apesar da aparente descontracção dos intervenientes, uma máquina de cerca de 140 pessoas trabalhou na organização do “Utopia - Official After Boom Party”. Ou seja, a continuação da mega festa, Boom Festival, que durante a semana passada teve lugar do outro lado da serra.

    Dos cerca de 25 mil “boomers” que participaram no evento em Idanha, à volta de 2 mil terão estado no parque de S. Gião, segundo a organização. Os “festivaleiros” vieram de cerca de 20 países diferentes. Ao final da tarde de sábado um longa fila de carros e carrinhas - algumas pintadas eximiamente com motivos alusivos ao movimento trance - faziam bicha antes da ponte sobre o rio Alva para entrar no parque.

    Um agente da GNR e dois seguranças controlavam esta entrada. Depois de passar o primeiro controlo e de confirmar que afinal aquele era mesmo um festival a sério, chego a outro controlo junto à entrada do parque. Junto à estrada uma jovem de vinte e poucos anos dorme na valeta junto ao carro estacionado. Ao seu lado um fiel amigo - um cão - repousa também na tarde quente de Agosto. “É pá, estão os dois bêbados”, atira um dos seguranças, com ar de gozo.

    Contactado via walkie–talkie o Nando da organização lá deixa levar o carro para o parque. Primeiro, entra-se no bar do parque de campismo. Atrás do balcão, o presidente da Junta de Freguesia, e presidente da Fundação que gere o parque, tira umas imperiais para a “fauna” fantástica que percorre o espaço, entre a sala do restaurante e a varanda sobre o rio.“Este é um grande evento”, afirma Manuel Garcia.

    O jovem autarca não tem dúvidas: “isto é tudo malta porreira”.

    Alugaram todo o parque e a residencial que existe no interior para os três dias de festa. “É a primeira vez que se realiza um evento destes aqui e estamos muito contentes”, frisa. É claro que mesmo para o jovem autarca o look de alguns “boomers” e a sua forma de estar, colidem com o modus vivendi das populações locais. Mas não os censura. “Gozam à maneira deles”, realça.

    Deixa também claro que os “tipos” são “impecáveis e pacíficos. Não chateiam ninguém”.

    De facto não existiram problemas de violência no evento. Apenas algumas identificações por presumível tráfico de droga. Os elementos à paisana do Núcleo de Investigação Criminal da GNR têm que mostrar serviço. O normal neste tipo de festivais. Durante o percurso pelo festival era possível sentir no ar a “brisa” do haxixe e da marijuana. Nada que não tivesse já visto em outros festivais e concertos. Ao contrário do que se tem escrito o boom não é um mar de drogas.

    “É como em todo o lado à gente que curte a sua com recurso às drogas e quem curta estando limpo”, explica um “rasta” oriundo de Aveiro.

    De olhos cor do céu e muito morena, Michal, um bela israelita, compõe um enorme tubo de luzes vermelhas no chão de terra, em frente à sua “loja” de roupa e acessórios femininos. “Ontem tínhamos feito um ET com as luzes e o pessoal gostou imenso, tiraram fotos e tudo”, diz com um sorriso nos lábios. Oriunda da cidade de Rchouot, a jovem veio com o namorado, primeiro para o boom de Idanha e “como o negócio foi bom, viemos também para cá”. O facto de em Idanha e S. Gião não serem cobradas taxas aos “comerciantes” globais também ajuda. “Isto não acontece em mais nenhum festival”, garante Michal.

    “Eu não tomo drogas e gosto de trance”, esclarece a jovem de 24 anos. Com ela vieram mais cerca de 100 jovens israelitas. “Existem muitos jovens a gostar de trance e alguns dos melhores músicos deste género são de Israel”, explica. A maioria não veio para S. Gião, regressaram a um país onde o “boom” que mais se ouve hoje em dia é o das explosões das bombas.

    O Pedro e o Fernando são os “donos” da festa. Isto é: são os organizadores do evento. Nortenhos, há vários anos que organizam festas ligadas à música electrónica. “Já organizamos a Electro–Parade no Porto, entre vários outros eventos e este ano o After Boom”, refere o Pedro. Mas para “vender” a ideia da realização deste festival à Câmara de Oliveira do Hospital não foi fácil. “No início não nos queriam passar as licenças, mas dissemos para falarem com a Câmara de Idanha”, revela.

    Depois de obterem informações junto da sua congénere a autarquia oliveirense lá acabou por deixar realizar o evento. “Tivemos foi que pagar muito pelas licenças, as tabelas aqui são as mais caras do país”, desabafa o Nando. Mas também salienta que depois das dúvidas iniciais “a Câmara até apoiou em algumas coisas que pedimos”. Os dois jovens mostravam–se satisfeitos com o local e o decorrer do festival que organizam pela primeira vez. E daqui a dois anos vão voltar ? “Ainda não podemos responder, mas gostaríamos muito”, sublinha o Pedro.

    É hora de rumar à tenda “Dance Floor”. O “bombar” do PA, com muitos watts de potência, ecoa ao longe. A batida repetitiva do trance não engana. O escuro impera. Apenas algumas luzes psicadélicas iluminam delicadamente a noite. O ambiente possui uma atmosfera misteriosa. Algumas centenas de corpos movimentam–se ao som do set de Dj’s anónimos. Estes festivais fazem gala em não apresentar vedetas, nem mesmo ter apoio de grandes marcas de cerveja ou refrigerantes. Estão completamente “out” do “mainstream” ligado à música. Nova passagem pelas tendas.

    Os “comerciantes” mostram–se algo alheados a quem passa. Vão conversando com amigos ao fundo das tendas. Aqui os “amigos do alheio” iam fazer bom “negócio”. Com mais azáfama está a barraca mais “normal” de comes e bebes. Um letreiro anuncia fevras de “carne de porco e de porca”. Um “freak” com a cara cheia de piercings tenta meter conversa com uma loira gira, com o cabelo cheio de tranças.

    Chega–se à tenda “Chill–Out”. O som ambiente é calminho. No chão, em cima de uma carpete, mais algumas centenas de “bombers” curte o momento. Sentados ou deitados vão ouvindo o som ou conversando com os amigos e conhecidos de ocasião. Uns bebem cerveja, outros fumam uns charros, mas ninguém chateia ninguém. O verdadeiro “peace and love”, cantado como há quarenta anos, agora recriado no século XXI, à beira do Alva, com a Estrela como pano de fundo.


    TRANCE NASCE na década de 80

    Trance é o nome dado a um sub–tipo, mais um estilo, da música electrónica desenvolvido e popularizado ao longo da década de 90. Criado na Alemanha no final da década de 80, por Paul Van Dyk, Dr. Motte e Torsten Stenzel. Já na década de 2000 surgiram outros grupos e Dj’s de Trance com destaque para DJ Tiësto e Trance the sound of dream.

    As primeiras gravações começaram não exactamente com a cena Trance, e sim pelo Acid House originário do Reino Unido, mais precisamente pela banda The KLF. Eles utilizaram o termo “pure trance” para designar algumas gravações que na verdade eram versões, e que fizeram um grande sucesso comercial no ano de 1991.

    Além deste nascimento no Reino Unido pode também ser mencionado o começo do género Trance em clubes alemães, durante os meados da década de 90, como uma ramificação do techno. Frankfurt frequentemente é citada como o berço do Trance. DJ Dag (Dag Lerner), Oliver Lieb, Sven Väth e Torsten Stenzel, são considerados pioneiros e produziram várias músicas utilizando diversos nomes artísticos.

    Geralmente caracterizado pela batida entre 130 e 160 bpm, destaca–se pelas repetidas frases melódicas geradas por sintetizadores, e uma estrutura que alterna momentos crescentes e decrescentes ao longo da música. Por vezes vocais são também incorporados nas músicas. O estilo trance é derivado de uma combinação de techno e house, também sofrendo uma forte influência do Goa Trance.

    O “Trance” foi assim “baptizado” devido às repetitivas e opiáceas batidas, e às vibrantes melodias nas quais presumivelmente colocam aqueles que a escutam num estado de transe.

    Este é hoje em dia um dos estilos de música electrónica mais populares por todo o mundo, estando centrado na Europa o maior número de adeptos.

    Texto de: Paulo Leitão

    2006-08-17

    ÁLCOOL E TABACO PIOR QUE MARIJUANA

    Organização Mundial de Saúde acusada de censurar trabalho da "New Scientist"

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi acusada pela revista britânica "New Scientist" de censura a uma análise politicamente sensível, "confirmando o que os velhos hippies sabem há décadas: a cannabis é menos perigosa que o álcool e o tabaco".

    E concluía "não apenas que a quantidade de erva fumada no mundo causa menos malefícios à saúde pública do que a bebida ou os cigarros em geral, mas também provavelmente (menos danos) se for consumida na mesma quantidade daquelas substâncias legais", escreve a revista, que consagra um número especial à marijuana.

    Esta comparação entre marijuana e drogas legais devia aparecer num relatório sobre os efeitos nocivos da cannabis publicado em Dezembro último pela OMS.

    Notícia em: Jornal de Notícias (1998)

    A despenalização da droga

    Personalidades de público relevo têm-se ultimamente vindo a pronunciar favoravelmente sobre a despenalização da droga.

    Convém antes de mais ver o que se pretende despenalizar. Quanto ao consumidor de droga, encarado como um doente, o sistema penal em vigor actua numa função preventiva, com um brando quadro penal, pelo que se deve considerar o consumo despenalizado, pelo menos de forma mitigada. Assim, o que se pretende despenalizar é o tráfico de droga, como forma de eliminar a criminalidade. Tal criminalidade só é eliminada, obviamente, nas drogas ilícitas, pois e quanto às lícitas a sua comercialização já não constitui crime.

    Não há um critério, universalmente aceite, de divisão entre drogas legais e ilegais e assim o que é ilegal num país pode ser legal noutro, vejamos:

    O consumo de álcool faz parte da cultura mediterrânica, mas é proibido em muitos países muçulmanos, sofrendo limitações nos países do Norte da Europa. Os Estados Unidos tentaram, sem êxito, abolir o consumo do álcool (Lei Seca), na década de 30.

    Quanto ao ópio, os opiatos foram, durante o século XIX, amplamente usados na fabricação de medicamentos. O contrabando do ópio era no século XIX, a fonte de grandes rendimentos da todo-poderosa Companhia das índias Orientais nos negócios com a China. O imperador chinês, ao ver os desastrosos efeitos morais, políticos e económicos do consumo do ópio, inicia uma política persecutória contra este, procedendo à apreensão e destruição de grandes quantidades de ópio, que a Companhia da índias Orientais colocara na China. A Inglaterra reagiu. iniciando a chamada "guerra do ópio".

    A China é derrotada, pagando à Inglaterra pesadas indemnizações pecuniárias pelo tratado anglo-chinês de Nanquim de 1841, entregando ainda a ilha de Hong-Kong à Inglaterra e abrindo alguns portos chineses ao comércio com esta, nomeadamente para a importação do ópio, então produzido na Índia, na província de Bengala. Após a guerra do ópio (1839 a 1842) o consumo de ópio triplicou na China. Actualmente, o consumo de ópio e seus derivados (morfina, heroína etc.) é universalmente proibido.

    O álcool, o ópio e a cocaína são considerados por Freud os três flagelos da humanidade.


    A cocaína é uma substancia de ocorrência natural, extraída da folha da planta sul-americana chamada coca, que os índios mascam há centenas de anos como forma de vencer a fadiga, o que ocorre sem problemas significativos. A cocaína foi usada livremente até princípios deste século chegando mesmo até 1903 a ingrediente de um refrigerante americano destinado a ter fama mundial: a Coca-Cola. O uso da cocaína, em versões sintetizadas (pó) e portanto altamente concentradas, provoca doença mental aguda semelhante ao "delirium tremens" alcoólico.

    Exemplo típico de droga legal é o tabaco introduzido na Europa como erva medicinal. 0 tabaco, a erva do diabo, teve uma ascensão vitoriosa, vencendo com êxito a oposição que lhe fez Jaime I, de Inglaterra ou os czares Romanoff, na Rússia, que puniam com açoites e exílio na Sibéria a posse, uso ou venda do tabaco.

    No século XVIII, e por toda a parte, era já pacífica a vitória do tabaco
    . Em fins do século XIX, é inventada a máquina de fazer cigarros, que é a mais destrutiva forma de uso de tabaco, fazendo subir o consumo de milhões para biliões de cigarros. Companhias poderosas e sofisticadas campanhas de "marketing" expandiram o consumo do tabaco aos mais remotos lugares.

    Não falta quem ao álcool e ao tabaco pretenda juntar no quadro das drogas legais o cânhamo da índia (cannabis sativa), também conhecido por "maconha, erva, haxixe, bengue, birra, fumo de Angola, pongo, soruma, etc.". Não falta quem invoque que os seus riscos não são maiores para a saúde do que os do tabaco ou do álcool, pelo que, e em bases iguais, deveria ser permitida.

    As drogas legais não são inofensivas e as pessoas que (legalmente) as vendem não são de moralidade angelical. Já vimos que a ambição do lucro da Companhia das índias Orientais impôs à China o consumo do ópio, chegando a, para tal, à solução extrema da guerra. As companhias de tabaco, com agressivas e dispendiosas campanhas publicitárias, e evidente desprezo pela saúde pública, fomentam igualmente o consumo de tabaco. A grande chaga actual é ainda o alcoolismo, pois, embora sem a agressividade das drogas ditas duras, a sua divulgação e facilidade de obtenção, com grande enraizamento cultural, criaram milhões de alcoólicos.

    Guerra da Mota
    Advogado de Matosinhos

    Notícia em: Jornal de Notícias (1997)

    Almeida Santos defende um fim do tráfico de droga

    Acabar com o tráfico de droga. É esta a receita do presidente da Assembleia da República para combater a toxicodependência.

    Mas, como realçou Almeida Santos, esta medida não pode ser tomada apenas por um país, teria de ser objecto de uma convenção de espectro multinacional, onde os Estados sigantários se obrigariam a adquirir a baixo preço as drogas na origem e a fornecê-las gratuitamente, em estado puro, ao possuidores de cartão de identidade de toxicodependente.

    Manifestando-se contra os métodos repressivos e a despenalização do tráfico, Almeida Santos defende um via alternativa, nunca antes tentada, o fim da pressão do tráfico sobre o consumo.

    Como? Através de "um Estado anti-tráfico, o Estado que rouba o "brinquedo" ao traficante todo poderoso", ou seja, com Estados que, agindo em conjunto, acabem com o lucro dos traficantes.

    Almeida Santos, que falava na sessão de apresentação do primeiro Relatório Anual do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, vê "vantagens imediatas" nesta fórmula que defende, nomeadamente, o fim da criminalidade ligada à procura ilícita de meios para adquirir a droga, o esvaziamento, para metade, das prisões, a redução da criminalidade internacional organizada (cujos "comércios" afins, como o tráfico de armas e sexual e o terrorismo são, na sua opinião, sustentados por fabulosos lucros obtidos na venda de drogas)...

    Artigo em: Jornal de Noticias (1997)

    2006-08-11

    Opinião: "Os novos reaccionários"

    Em Portugal ser reaccionário voltou a estar na moda. Basta ler alguns velhos rezingões que por aí escrevem a destilar ódio e frustração e uns quantos jovens que fazem carreira semanal a exibir cinismo e xenofobia.

    Estes novos reaccionários não são diferentes dos antigos, os chamados velhos do Restelo. Só que são muito mais agressivos e também mais bem colocados.

    São directores de jornal, comentadores, políticos proeminentes
    .

    Houve um tempo em que um jovem para chatear os pais vestia uma camisola com a cara do Che e erguia o punho. Hoje, com o mesmo fim, põe uma gravata, apoia o Bush e bate palmas quando países inteiros são demolidos. Não vejo grande diferença. Aliás muita desta gente que hoje advoga a barbárie em nome da defesa do mundo ocidental, já a defendia também quando militavam contra ele. Muitos passaram directamente do maoismo e da extrema-esquerda para o bushismo. Deram um grande salto para só ficar no mesmo sítio. A servir, como sempre, a causa do fanatismo, da intolerância e do ódio à liberdade.

    E a liberdade é mesmo o que está em causa. Para esta gente não há lugar para o pensamento livre e plural. Basta ver como por estes dias de guerra ser pacifista se tornou de novo um insulto. Aqueles que não alinham nas soluções bélicas são apontados como ingénuos, quando não agentes dos inimigos reais e imaginados. Esta gente gosta de matanças e engorda com o medo.

    Para eles o mundo reduz-se a nós ou eles, a bons ou maus. Não admitem a possibilidade de se pensar e agir de outra maneira, rejeitando as duas únicas opções, ambas intoleráveis, que dizem estar em jogo. Como se eu tivesse de escolher entre Saddam e a invasão do Iraque; Israel e o Hezbollah; Fidel e a CIA. Como se não fosse possível que tantos de nós, e julgo mesmo que a maioria, não os detestasse a todos, Saddam, Bush, o belicismo sionista, o fanatismo muçulmano, a ditadura cubana, a máfia cubana e tantos outros que contribuem para a infelicidade deste mundo. Trata-se aliás de uma chantagem velha e conhecida. Quando a realidade se divide em dois únicos campos abrem-se as portas para as maiores tragédias. E para o domínio dos piores facínoras.

    O mundo não é linear nem nunca o foi. Mesmo quando era fácil acusar de comunista quem no ocidente discordava do governo, ou de traidor quem do outro lado se opunha à ditadura. Na verdade, para lá da geometria sempre esteve e continua a estar presente uma noção do bem e do mal. Toda a gente sabe que dar um pontapé num cão é uma maldade. Toda a gente sabe que largar bombas em cima de uma aldeia ou uma cidade é um crime. Toda a gente sabe que entrar num café e fazer-se explodir é uma atrocidade. Nada, em nenhuma circunstância, justifica nenhuma destas acções. Basta perguntar a uma criança. Ou a um ser humano digno desse nome.

    Mas por detrás das falácias e das grandes estratégias de pacotilha, e esta gente é fértil nelas, dão conselhos ao Bush, apontam no mapa onde se deve bombardear a seguir e por aí fora, encontra-se um grave problema de bílis. Quando encaram a realidade vem-lhes logo um gosto amargo à boca. Abjuram uma sociedade livre de preconceitos e relações humanas baseadas na igualdade. Cada iniciativa social ou governamental que vise melhorar os sistemas ou as condições de vida logo merecem o seu repúdio. Abominam a tecnologia. Não há semana, por exemplo, que não alertem para os perigos da Internet que gostariam de controlar. Censuram as liberdades individuais. Odeiam de morte os homossexuais, os de outra cor de pele, os com outra cultura e gostos. Desconfiam do conhecimento afirmando que a educação não faz melhores cidadãos. Esquecendo que a falta de educação os faz muito piores. São nacionalistas quando lhes dá jeito e pró-globalização quando lhes convém. Têm asco ao cosmopolitismo, multiculturalismo e a uma efectiva globalização cultural, política e económica. Nos tempos livres insultam os holandeses por nesse país a venda da marijuana ser livre, contam anedotas racistas, amesquinham os ambientalistas. Não sendo todos homens, por junto, eles e elas, adoram fazer comentários misóginos. E quanto à cultura execram-na como seria de esperar. E depois há um assunto que nunca deixa de os perturbar: o passado. Nunca perdem uma boa oportunidade para afirmar que o fascismo nunca existiu. Enfim, os novos reaccionários detestam todas as coisas boas da nossa sociedade, a liberdade, a tolerância, a iniciativa, a criatividade. E valorizam tudo o que ela tem de mau, o autoritarismo, a intolerância, o poder do mais forte, a submissão.

    Portugal não é o país avançado que todos desejaríamos, mas muitos dos seus cidadãos, pobres e ricos, cultos e analfabetos, batem-se todos os dias para o tornar melhor. Esta gente não. Querem-nos amarrar a todos os desastres da história actual. Querem impedir o mais pequeno avanço cultural e civilizacional. Vivem atormentados com as liberdades. São no fundo o pior inimigo de uma sociedade que não sendo ideal tem pelo menos o mérito de ser livre, empreendedora e pacífica. Por isso, num comentário apropriado ao tema, eu por mim pegava nesta gente toda e mandava-a para o Iraque ou para o Líbano lutar pela democracia que dizem defender. Porque essa não é definitivamente a minha democracia nem seguramente a que melhor serve os interesses dos portugueses e europeus que somos. Até porque como dizia Saint-Juste: não queremos a felicidade no paraíso, queremos já na segunda-feira. E já agora sem ter de cortar cabeças acrescentaria eu.

    Leonel Moura
    9 Agosto 2006

    Artigo do: Jornal de Negócios

    2006-08-10

    Operação “Erva daninha II”

    e a operação continua...

    Quatro estrangeiros entre os 22 e os 25 anos, foram detidos anteontem em Idanha-a-Nova, por tráfico de droga no ‘Boom Fest’. Tal como o homem de 28 anos, detido há uma semana pela PJ na sequência da mesma investigação, os detidos vendiam droga numa caravana.

    A Policia Judiciária através da Direcção Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes (DCITE), no âmbito de uma investigação em curso, procedeu, ontem, à detenção na denominada rave “Boom Fest” que tem lugar em Idanha-a-Nova, de 4 indivíduos de nacionalidade estrangeira, com idades compreendidas entre os 22 e os 25 anos, por tráfico de estupefacientes.

    Os detidos, utilizando para o efeito uma caravana colocada no recinto da festa, procediam ao abastecimento de estupefacientes a muitos dos milhares de jovens ali presentes.

    Na sua posse e no interior da mesma, foram apreendidas quantidades variáveis de haxixe, MDMA (ecstasy), LSD e cocaína que dariam para milhares de doses individuais.

    Foram ainda apreendidas 4 balanças de precisão, moinhos e outros objectos utilizados no tráfico, uma viatura automóvel e 6.870 euros.

    A Policia Judiciária que no desenvolvimento da presente operação contou a colaboração do destacamento territorial da G.N.R. de Idanha-a-Nova, continuará a desenvolver a sua acção, neste e noutros eventos do género, dirigida à investigação de organizações criminosas e à detenção de indivíduos que se dedicam ao tráfico de estupefacientes, junto de milhares de jovens que participam nestas festas e que muitas vezes ali iniciam o consumo de estupefacientes.

    APREENSÕES DE AGOSTO (até à data):

    Apreensão de cocaína destinada ao norte do país
    Detenções:
    Uma cidadã espanhola de 26 anos de idade e um cidadão português de 21 anos
    Apreensões: 8.350 gramas de cocaína

    Operação “Erva daninha” - Apreensão de haxixe e desmantelamento de laboratório para produção de estupefacientes
    Detenções:
    Um individuo de 28 anos
    Apreensões: 5.300 gramas de haxixe, cogumelos e cactos aluginógeneos, plantas de cannabis, liamba e LSD, bem como € 2.000 euros e documentação diversa

    Tráfico de Estupefacientes na Ilha Terceira
    Detenções:
    Um homem com 42 anos de idade
    Apreensões: 50.600 doses de haxixe

    Operação “Erva daninha II”
    Detenções: 4 indivíduos de nacionalidade estrangeira, com idades compreendidas entre os 22 e os 25 anos
    Apreensões: Quantidades variáveis de haxixe, MDMA (ecstasy), LSD e cocaína que dariam para milhares de doses individuais. Foram ainda apreendidas 4 balanças de precisão, moinhos e outros objectos utilizados no tráfico, uma viatura automóvel e 6.870 euros

    Detido suspeito do crime de tráfico de estupefacientes
    Detenções:
    Um indivíduo estrangeiro do sexo masculino, com 43 anos de idade
    Apreensões: haxixe suficiente para a preparação de 15640 doses individuais

    Dados em: [PJ] Relatório do 1º semestre 2006 do Combate ao tráfico de estupefacientes em Portugal

    Big Brother na Internet

    PJ adquire equipamento para «escutar» conversas na Net

    A Polícia Judiciária (PJ) vai adquirir a uma empresa israelita equipamento para vigilância nas comunicações pela Internet, num investimento de 500 mil euros (cem mil contos).

    A notícia surge na edição desta quinta-feira do jornal Diário de Notícias, que garante que esta tecnologia vai permitir à PJ realizar intercepções de e-mails e até «escutar» conversas em programas de conversação online como o MSN Messenger.

    A aquisição deste equipamento foi determinada pela actual direcção da Judiciária e teve já a concordância do ministro da Justiça, Alberto Costa, sendo que, de acordo com fonte da direcção nacional da PJ, vai permitir aos investigadores mais possibilidades de obtenção de prova, não só para os crimes informáticos, mas também para outros tipos de criminalidade.

    Apesar de as escutas telefónicas continuarem a ser um meio de obtenção de prova fundamental para certos crimes (como o tráfico de droga, falsificação de documentos, terrorismo, corrupção e branqueamento de capitais), as possibilidades que a Internet oferece em termos de comunicações levam a que haja uma maior vigilância e recolha de prova na rede.

    Além de permitir uma mais apertada vigilância a programas de partilha de ficheiros, como o Kazaa e Emule, entre outros, o novo equipamento permitirá ainda «escutar» conversas em programas de conversação online e também fazer escutas telefónicas em comunicações cujo fornecedor actua na Internet, como o Skype, algo que até agora foge ao controlo da polícia.

    Notícia em: Diario Digital / Fabrica de Conteudos

    2006-08-08

    Jordi Burch Photography

    Nascido em 1979, Jordi é um dos fotojornalistas portugueses da nova geração.

    Com um interesse especial em construir as histórias tocantes do ser humano, está sempre com a cabeça cheia de ideias e, como gosta de chamar ao seu trabalho futuro, “novelas”.

    Publica regularmente em muitas revistas nacionais, mas também nas internacionais, tais como o ”Courier International”. Geralmente reune-se com escritores criativos e os resultados destas collaborações é frequentemente.

    As características de Jordi incluem como exemplo, um documentario social sobre as pobres condições de vida em Lisboa, o retrato dos mineiros do ouro que ainda restam na Serra Pelada anos atrás por Sebastiao Salgado, e o dia-a-dia de uma familia marroquina que cultiva canábis.

    HASHISH: Um negócio de família




    Hashish: A family business

    Jordi Burch Portfolio

    2006-08-07

    Pornografia com brinde de oferta

    Cópias ilegais de filmes pornográficos trazem marijuana

    O mundo das cópias pornográficas piratas tem a partir de agora na Nova Zelândia uma nova aliciante: um vídeo pornográfico é vendido com um saquinho de marijuana, informa hoje o diário "The New Zealand Herald".

    O "lote" está à venda junto dos jovens, mas também menos jovens, por 14,5 euros.

    O director executivo da Federação Neozelandesa contra o Roubo dos Direitos de Autor, Tony Eaton, disse ao jornal que "há grupos organizados que já colocaram a nova oferta nos canais de distribuição". "Para nós é uma grande preocupação", acrescentou.

    A indústria cinematográfica mundial perdeu no ano passado 14.228 milhões de euros devido às cópias ilegais, segundo dados oficiais.

    Notícia em: Região de Leiria / The New Zealand Herald

    Paz Amor & Sudoeste


    A 10.ª edição do Sudoeste teve início com dois grupos de percussionistas que, dentro ou a acompanharem três camiões dos anos 60, percorreram todo o recinto a batucar. Chegaram frente ao palco às 20h00, altura em que os Gaiteiros de Lisboa abriram oficialmente aquele que é considerado o maior festival não urbano do País.

    Recorrendo ao cancioneiro popular e a instrumentos tradicionais misturados com inventados, como o “clarinete acabaçado”, tiveram na voz de Pacman, dos Da Weasel, no tema ‘Terra de Ninguém’, contribuição ideal para um concerto eficaz onde se apelou à paz e ao amor entre os homens.

    Seguiram-se os Souls Of Fire – portugueses mas do Norte e da onda reggae – que preferiram apelar à liberalização da marijuana. Mais interessante, mas não tanto, os Brazilian Girls – que curiosamente não têm nenhum elemento no grupo de origem brasileira – partiram da electrónica para se aproximaram de uma espécie de cabaré alemão, cores latinas urbanas, samba discreto.

    Pelas duas horas da madrugada, o Palco TMN recebeu um dos nomes mais aguardados do primeiro dia do festival, o alemão Gentleman, considerado uma das novas coqueluches do reggae.

    Ao segundo dia do Festival do Sudoeste, 30 mil pessoas rumaram à Zambujeira do Mar para ouvir os 2008, uma boa promessa no panorama rock português; David Fonseca, em apresentação do seu mais recente álbum "Our Hearts Will Beat As One"; e os Goldfrapp, com a bela Alison acompanhada por dançarinas com trajes bem originais em temas como "Train", "Number One" e "Strict Machine".

    Simplesmente explosiva: foi assim a actuação dos britânicos The Prodigy. A banda encabeçada por Keith Flint, Maxim e o DJ Liam Howlett incendiou os ânimos das largas dezenas de milhares de pessoas que encheram por completo o recinto montado na Herdade da Casa Branca.

    Incansável, a dupla de vocalistas puxou bem pelo público, já empolgado com a energia que transbordava do palco. "Breathe", "Back 2 Skool" e o incontornável "Firestarter" foram alguns dos muitos temas que criaram um autêntico tsunami no mar de gente que assistia ao concerto.

    Os Long Beach Shortbus foram os escolhidos para encerrar o Palco TMN na sexta-feira. O colectivo norte-americano revelou-se uma agradável surpresa, apresentando uma sonoridade ska/punk, a lembrar Sublime, ou não fosse Eric Wilson, o baixista Long Beach Short Bus, um dos antigos membros da saudosa banda.

    Ao terceiro dia, o Festival Sudoeste 2006 saiu de órbita e embarcou numa autêntica viagem pelo espaço com os Daft Punk. A dupla francesa de "robôs" apresentou-se pela primeira vez em Portugal, num dos concertos mais aguardados de todo o festival. Guy-Manuel Homem-Christo e Thomas Bangalter surgiram numa espécie de nave espacial em forma de pirâmide, lançando um espectáculo audiovisual impressionante que levou o público ao delírio.

    No 4º dia os Xutos & Pontapés foram a (ideal) banda sonora da despedida, numa noite sem grandes surpresas. O destaque recai, não só para os autores de «Homem do Leme», mas também para o sempre fenomenal The Legendary Tiger Man. Para um adeus em português.

    Tragicamente, o segundo dia do Festival do Sudoeste na Zambujeira do Mar ficou marcado com a morte de uma jovem de 23 anos de São Brás de Alportel (Algarve) que morreu afogada num dos canais de rega existentes. As causas concretas desta morte ainda estão por apurar.

    Notícia em: IOL Musica / Correio da Manhã / Portugal Diário

    Crimes de fraude lucram mais

    Operação “Empresa Limpa”

    A Polícia Judiciária, através da Directoria de Faro, em colaboração com a Direcção de Finanças de Faro e sob a direcção do Departamento de Investigação e Acção Penal de Évora, procedeu, no decurso dos últimos meses, à detenção de 13 indivíduos, cujas idades variam entre os 26 e os 52 anos, por suspeita da prática de crimes de fraude fiscal qualificada de elevado valor.

    Os detidos, maioritariamente ligados ao ramo da construção civil, no Algarve, negociavam facturas falsas emitidas em nome de firmas fictícias ou inactivas, que depois eram contabilizadas nas escritas comerciais de 10 empresas infractoras, com o intuito de lhes imputarem custos fictícios e reduzirem, dessa forma, a sua base tributável, obtendo benefícios ilegítimos nos pagamentos devidos de IVA e IRC/IRS.

    A actividade fraudulenta desenvolveu-se no período compreendido entre os anos de 2000 e 2004, tendo cessado com a intervenção policial.

    A investigação realizada, até agora, permitiu a detecção de facturação fictícia num valor total de cerca de 6.000.000 de €, que terão causado ao Estado um prejuízo efectivo no valor de cerca de 1.890.000 €, correspondente ao valor dos impostos de IVA e IRC/IRS não cobrados.

    Os detidos foram apresentados às autoridades judiciárias para interrogatório, tendo-lhes sido aplicadas medidas de coacção que oscilam entre apresentações periódicas e proibição de contacto entre os arguidos.

    Notícia em: Correio da Manhã / Observatório do Algarve

    Operação «Erva daninha»

    A Polícia Judiciária (PJ) deteve o responsável pelo abastecimento de droga em raves - festas em espaços abertos, com música electrónica até de madrugada - que se realizam, nesta altura do ano, um pouco por todo o País. O homem, de 28 anos - que ao que tudo indica fará parte de uma rede que se dedica ao fornecimento de estupefacientes nestes locais, geralmente frequentados por jovens - produzia, em sua casa, em Torres Vedras, os químicos que, posteriormente, vendia deslocando-se numa autocaravana para as imediações das raves.

    Era aqui que o indivíduo, que neste momento se encontra em prisão preventiva, vendia o resultado da sua "produção caseira", parte da qual foi agora apreendida pelas autoridades policiais. Assim sendo, foram confiscados pela PJ 5300 gramas de haxixe, cogumelos e cactos alucinogénios, plantas de cannabis, liamba e LSD, que se encontravam na posse do traficante. Nesta operação, designada de "Erva Daninha", a Judiciária apreendeu ainda 2.000 euros, bem como diversa documentação que o detido tinha em seu poder.

    Segundo a PJ, o indivíduo estaria a preparar-se para distribuir drogas no Boom Festival 2006, evento de música electrónica que se realiza este fim-de-semana em Idanha-a-Nova, e no festival Sudoeste, da Zambujeira do Mar.

    A Judiciária começou no início do ano a «caça» aos traficantes que abastecem «raves» e festivais de música, locais onde aumenta o consumo de drogas. No âmbito desta operação já foram detidas cerca de uma centena de pessoas, mas a PJ vai continuar a investigar.

    O detido, que será presente à autoridade judiciária competente, integrará uma estrutura criminosa mais ampla que visa essencialmente garantir o abastecimento de “raves”, cuja actividade continuará a ser objecto de investigação por parte da DCITE.

    Notícia em: Diario Digital / Diario de Notícias

    2006-08-02

    "Amparanoia" defendem a Marijuana

    A iniciativa Noites do Palácio terminou dia 29 de Julho com "Amparanoia".

    Com muitos estrangeiros à mistura, a iniciativa que a Câmara Municipal do Porto promove há dez anos tem vindo a apostar em sonoridades alternativas e, desta forma, conquistando novos públicos e fidelizando adeptos.

    Ao longo de hora e meia de concerto, os Amparanoia conseguiram agarrar o público e deixar saudade. Vencedores do prestigiado prémio da BBC para Melhor Grupo World Music da Europa em 2005, defenderam a marijuana e encontraram muitos adeptos na plateia. A obrigatoriedade de terminar os concertos à meia-noite não foi cumprida a pedido dos presentes que conseguiram arrancar dois encores aos Amparanoia.

    No final do concerto, fonte da organização fez um balanço “não muito favorável” da 10.ª edição das Noites do Palácio ao JANEIRO alegando “o futebol ou a greve do aeroporto de Barcelona (que levou ao adiamento do concerto dos Fanfare Ciocarlia) como causas da fraca adesão de público. Nos cinco concertos realizados passaram pelo Palácio de Cristal quatro mil pessoas que pagam, garante, 30 por cento do festival. Quanto aos concertos elege o projecto Sangam e os espanhóis Amparanoia como os melhores: “Superaram as nossas expectativas em termos de qualidade e público”.