Movimento pela Legalização da Canábis

2006-10-04

Opinião de Leonel Moura: "MENOS ESTADO"

É habitual os telejornais fecharem com leveza. Uma piadinha, um assunto menor, uma historieta qualquer. Certamente para desopilar depois de tanto cadáver e más notícias.

Daí não vem mal ao mundo, antes pelo contrário, e por vezes é mesmo nesse curto e derradeiro instante que se apresenta algo de realmente interessante. A semana passada um dos nossos canais, que não fixei, descobriu um assunto curioso. Sabia que não se pode dar um nome qualquer ao seu filho? E que o Estado elaborou uma lista com os nomes aceitáveis e conformes à moralidade pública? (...)

Veja-se, ainda que com consequências bastante mais nefastas do que a escolha de um nome, esta verdadeira sanha persecutória que criminaliza comportamentos individuais que em nada prejudicam a comunidade.

São muitos os domínios onde é proibido fazer as coisas mais triviais. O consumo de drogas por exemplo. Desde logo a droga é uma constante nas sociedades humanas desde a pré-história. E hoje, toda a gente toma drogas por tudo e por nada, sejam elas materiais, medicamentos, mezinhas, bebidas e pastilhas de toda a espécie, ou imateriais, futebol, ideologia ou televisão.

Porque razão se há de criminalizar umas drogas e não outras. Com que base científica? Em nome de que superior interesse público se prende alguém simplesmente por gostar de fumar marijuana ou cheirar cocaína no recato da sua casa ou em companhia de amigos?

Há quem goste de comer presunto, coisa que eu detesto. Ou beber bagaço, o que só o cheiro me dá vómitos. Mas, lá porque não aprecio, não advogo a proibição de tais hábitos. No máximo, nos casos mais sérios, como é o da caça ou das touradas por exemplo, é por via da persuasão que imagino ser possível um dia acabar com costumes tão bárbaros e obsoletos. Como aconteceu nos países mais civilizados. (...)

Em suma, o Estado mete-se em demasia onde não é chamado. Com isso prejudicando todos. Aliás muitos dos problemas que afligem as sociedades contemporâneas deriva da excessiva intromissão do Estado. Na economia, na vida privada, nas relações sociais, na cultura e em muitos aspectos da organização social, a ingerência do Estado é muitas das vezes um sério obstáculo à evolução da sociedade e acima de tudo um atentado às liberdades cívicas e individuais.

Artigo completo em: Jornal de Negócios