Movimento pela Legalização da Canábis

2006-05-24

Benefícios a longo prazo em doentes com E.M. Esclerose Múltipla

Os resultados de um estudo de curta duração (15 semanas) em doentes com Esclerose Múltipla publicado no ano passado, foram inconclusivos porque, apesar dos doentes relatarem alívio na rigidez e na mobilidade, tais resultados não foram confirmados pelos fisioterapeutas. Mas o Dr. John Zajicek, da Peninsula Medical School, na Universidade de Exeter e Plymouth, Inglaterra, que conduziu o estudo, disse numa conferência de imprensa que aparentemente existem mais benefícios nos doentes que continuaram o tratamento durante 1 ano.

"No estudo de curta duração, existiram algumas evidências de que os canabinóides aliviaram os sintomas da esclerose múltipla; no longo prazo, existe a sugestão de existência de um ainda maior efeito benéfico, que não foi clara na fase inicial," referiu.

A canabis contém mais de 60 canabinóides diferentes. O mais activo é o tetrahidrocanabinol (THC). Os 667 doentes do estudo original, que foi publicado no jornal The Lancet, receberam um extracto de cannabis ou cápsulas com uma versão sintética do THC ou placebo durante 15 semanas. Cerca de 80% dos doentes optaram por continuar o tratamento durante um ano.

"Obtivemos resultados interessantes que sugerem a existência de benefícios a longo prazo," disse o Dr. Zajicek numa conferência de imprensa na reunião anual da British Association for the Advancement of Science. Mas afirmou também que seriam necessárias mais investigações para confirmar estes resultados, que serão publicados no final do ano.

A E.M., que afecta cerca de um milhão de pessoas em todo o mundo, é uma doença na qual o sistema imunitário destrói a bainha de mielina que protege as células nervosas do cérebro e espinal-medula. Apesar dos canabinóides serem utilizados na medicina há milhares de anos, só muito recentemente surgiram evidências científicas do seu valor terapêutico.

No ano passado, a Holanda tornou-se no primeiro país do mundo a tornar a canabis disponível como medicamento de prescrição médica obrigatória para o cancro, VIH e E.M. Nos EUA, é utilizada para tratar a perca de peso em doentes com SIDA e para tratar as náuseas e o vómito em doentes com cancro.

Fonte: Portal da Esclerose Múltipla